Era sexta-feira. Cabeça fresquinha acabada de acordar, mas ainda assim com um pouco de cansaço acumulado de uma semana de trabalho. Assim que acordo reparo que estou a ficar com fome e lembro-me que o meu estômago neste momento não pode esperar muito tempo. Fui ao frigorifico: leite, queijo, iogurtes e mais leite. Lembrei-me que nem pensar comer nada daquilo ao pequeno almoço. Tudo tinha lactose e era meio caminho andado para passar uma manhã ridícula e a passar mal no trabalho. Olho para a fruteira e estava vazia. Pensei em ir à padaria que fica a 2 minutos a pé de minha casa, mesmo ao lado da creche da miúda.
Vesti-me, calcei-me e pus um casaco bem quentinho e lá vou eu. Nesses dois minutos que demorei, comecei a pensar como raio ia resolver um problema no trabalho. Dois minutos que me pareceram uma hora, mas onde consegui por milagre obter uma solução (a cabeça fresquinha ajuda nisso, acontece-me frequentemente).
Quando cheguei ao destino, ainda a pensar naquilo, toquei à campainha. E caí em mim…
Mas o que é que eu estou a fazer? Ai, toquei à campainha! Não sei se estão a ver! Toquei à campainha da creche em vez de entrar na padaria. Começo a magicar um plano de fuga para me safar daquela situação. Primeiro lembrei-me em virar costas, entrar na padaria e deixar a educadora pensar que tinha sido uma brincadeira. Ainda tentei executá-lo. Mas assim que viro costas vejo o vizinho, que por acaso tem um filho na mesma creche, que estava no prédio a fumar na varanda, a olhar para mim. Raio, não posso fugir! Virei-me novamente para a porta e tentei encontrar palavras para me safar da situação! Posso dizer que a miúda está doente e não vem à escola… Mas que raio de coisa que estou a pensar! E como é que eu vou trabalhar?! Não houve tempo para mais, oiço a porta a abrir - Bom dia mãe… E com a cara mais estupida de sempre digo: - Quer-se rir? Vinha ao pão e na distração, enganei-me e toquei a campainha! Ao qual a educadora responde: - Pois, deixe lá é sexta-feira… E assim, lá fui à padaria, com a rabinho entre as pernas, com a sensação que a educadora ia chamar os serviços sociais por pensar que a minha filha tem uma mãe maluquinha…
São 2h15 da manhã, estou com uma maldita de uma insónia (só para não lhe chamar uma palavra feia começada em p e acabada em a), já contei uns dez mil carneiros e o meu marido está há duas horas a ressonar ao meu lado como se a vida fosse maravilhosa e nada perturbasse o seu sono. Falta um bocadinho assim para lhe dar um pontapé que o ponha fora da cama!
Há uns tempos, ainda eu não pensava muito em tirar a frada à miúda, escrevi um post sobre as modernices de hoje em dia e apresentei-vos um bacio todo xpto que era a maravilha das maravilhas e que com ele os putos deixavam a fralda em três tempos. Podem ver aqui.
Entretanto, passou-se quase um ano e a miúda começou a falar em cocó e eu pedi ao meu marido para ele tratar da questão do bacio. O raio do homem comprou-lhe um bacio xpto, não fosse ele um nerd da tecnologia. Ainda tentei argumentar e explicar que, com o dinheiro que ele deu por aquilo, dava para comprar bacios descartáveis para o resto da vida (estou a exagerar um bocadinho), mas pouca importância tiveram os meus argumentos...
Enfim! lá chegou o bacio e coloquei-o na casa de banho e a miúda até gostou da ideia. Quando algum de nós ia ao wc, ela ia também e imitava-nos. Entretanto a coisa começou a ficar mais séria e comecei a pedir-lhe para ir fazer xixi ao bacio. Fez duas vezes. Eu batia-lhe as palmas e elogiava, ela ficava contente e estava tudo a correr bem. Entretanto disse ao meu marido que ela tinha feito xixi, mas que o bacio, que deveria ter tocado uma música como recompensa, não tocou (era uma das funcionalidades prometidas no bacio). Ele disse-me que tinha que lhe por pilhas. E assim fez. No dia seguinte, lá fui eu com a miúda ao bacio novamente. Fez xixi e mal a primeira pinguinha assentou no fundo do bacio, aquilo começa a tocar uma música irritante tipo a La Cucaracha. A miúda assusta-se, levanta-se, o resto do xixi escorre pelas pernas abaixo e olha para o bacio como quem diz, nunca mais sento aqui o meu rabinho, nem que seja para cagar fazer cocó em cima de ti.
E assim fez, até hoje, aquele bacio nunca mais viu rabinho e tenho para mim, que com o susto que ela levou, nunca mais irá ver.
Meia-noite! Eu estava a dormir no sofá. Aterrei e lá fiquei. Começa a miúda a berrar e a tossir, parecia que se estava a engasgar! Levantei-me a correr, calcei um chinelo, o outro ficou pelo caminho e fui ver o que se passava. Quando cheguei, já estava boa. Olho arregalado como se fossem oito da manhã e hora de ir para a creche. Depois disto pô-la novamente a dormir não é tarefa fácil. Trouxe-a comigo para a sala e pedrada de sono como eu estava, deitei-a comigo no sofá. Ela lá ficou dois ou três minutos, mas depois começou a ficar impaciente. Começou a brincar e eu perdida de sono. A brincadeira era: senta-se, manda-se para trás e deita-se, senta-se, deita-se, senta-se, ri-se e deita-se, senta-se, deita-se. Entretanto a miúda repara que eu não lhe estou a ligar nenhuma. Irritada, levanta-se, senta-se e deita-se com toda a força para cima de mim. Acertou em cheio no meu nariz com a cabeça. Ela não disse piu… Eu levantei-me com vontade de a espancar, agarrada ao nariz e quase a chorar. Foi a primeira vez na vida que senti o que é levar um valente murro na tromba, daqueles bem assentes no nariz. E agora sei, isto dói, P-O-R-R-A. Tenho o nariz dormente e a cremalheira toda sensível desde ontem… Passei o dia com comichão no nariz e nem lhe posso tocar. Pelos menos não andei nas más vidas para saber o que é ser agredida por um gandulo! Um bebé pode tudo...